domingo, 29 de março de 2015

Sobre O Fim De Glee: Eu Vivi

  Glee terminou há uma semana e dois dias atrás e eu ainda não consegui superar.

  Talvez ainda leve muito tempo pra que eu consiga, mas uma coisa eu posso dizer: foi lindo. Não sei ao certo sobre o que vou escrever aqui, se vou falar sobre o episódio, se vou contar como foi ou o que eu achei, simplesmente vou deixar fluir. Só queria reservar um espacinho aqui no PunkNDisorderly pra tratar do assunto. Acho que devo isso à eles.

  Conheci Glee em 2010 por causa do cover de Keep Holding On que eles fizeram na primeira temporada. Avril Lavigne era meu ídolo desde 2002, e essa música (composta por ela inclusive) é a minha favorita desde que a ouvi pela primeira vez. Ela me ajudou a passar por vários momentos difíceis, de problemas familiares a bullying na escola. De alguma forma, eu não consigo ter outra música favorita. Já tentei - The Words da Christina Perri e Roots Before Branches do RoomForTwo foram as principais candidatas - mas no fim, não consigo largar dela. Talvez eu tatue o nome algum dia. Não, com certeza em algum momento eu vou tatuar. Mas continuando, vi o primeiro cd de Glee - Glee: The Music, Volume 1 - vendendo nas Lojas Americanas e como sempre, fiquei lendo o tracklist pra saber do que se tratava. Nessa época eu não conhecia a série ainda, mas ver o título de Keep Holding On ali me fez pesquisar sobre. Encontrei o download da música e me apaixonei pela versão deles. Logo após isso, Glee foi ficando mais conhecido e mais versões de músicas chegavam até mim. Halo/Halking On Sunshine, Jar Of Hearts, Empire State Of Mind, Take A Bow e é claro, Don't Stop Believin' foram as que mais me chamaram a atenção a princípio. Eu lembro que pensava: eles com certeza têm talento. Demorou um pouco até eu começar a assistir, e mesmo assim, eu assistia apenas episódios aleatórios. Lembro que eu não curtia tanto porque achava que era tudo apenas edição de estúdio, que eles não tinham aquele talento todo, que não cantavam ao vivo, até tinha um certo "preconceito" com a voz da Lea (Michele), achava editada demais, por vezes até chata. Mal sabia eu o quanto essa mulher se tornaria importante pra mim futuramente, e não só ela, mas fundamentalmente ela e seu personagem na série.


Keep Holding On

  
  Algum tempo depois, eu voltei de viagem do lugar em que sempre sonhei em construir minha vida e estava completamente doente. Emocionalmente e fisicamente. Meu espírito estava quebrado, minha vontade de viver se esvaindo. Se o texto está dramático, nem queiram imaginar como foi na realidade. Eu não conseguia mais viver. Não queria. Não parava em um emprego, faltava minhas aulas, e cheguei a considerar medidas bem extremas, como conseguir falsificar um atestado médico pra comprar Valium e fazer sabe Deus lá o que depois. Felizmente, eu sempre fui muito covarde pra realmente tomar tais medidas. Até mesmo nas vezes que fugi de casa, desisti e voltei, lá nas minhas épocas de 14/15 anos. Mas chega um ponto em que você desiste de tudo. Desiste até de desistir. Eu cansei de tudo que eu tinha ao meu redor. Cansei de me cansar. Cansei de desistir de mim, e naquela época, eu só queria me esconder debaixo da cama de um algum quarto escuro e ficar ali pra sempre. Era MUITA dor. Cheguei à um ponto em que ninguém conseguia me ajudar. Nem mesmo eu. Quando se é um sonhador, quando se vive de sonhos, qualquer decepção pode te levar pro túmulo, e confesso que jamais, NADA doeu tanto quanto sentir o meu sonho, que tenho desde que me entendo por gente, que estava na palma da minhas mãos de repente sumir diante dos meus olhos. 2014 foi provavelmente o pior, o mais desgraçado, doloroso, desesperador, agonizante e o mais sombrio ano de toda a minha vida, exceto por apenas um detalhe: eu comecei a assistir Glee pra valer.

  Tinha começado num emprego novo quando achei Glee no Netflix. "4 temporadas? Pra quem nunca viu tudo completo deve bastar". Comecei a assistir e logo no primeiro episódio já chorei com a performance de Don't Stop Believin'. Sou louco por Journey e esse cover deles nem era novidade pra mim, mas eu nunca havia visto a performance em si e não sabia o porquê do Finn (Cory Monteith) escolher essa música para o Clube cantar, e enfim, tudo isso me emocionou muito. Terminei o episódio chorando junto com o Mr. Schue (Matthew Morrison) [risos]. A partir daí fui me apaixonando gradativamente pela série e pelos personagens, depois pelo cast. Sobre as músicas nem preciso comentar, já gostava delas antes mesmo de começar a assistir. O mais interessante sobre séries é que dependendo de como você é e como você lida com a vida, elas mudam você. Foi assim com Glee.

  A cada episódio que passava, eu via a mim mesmo em Rachel Berry (Lea Michele). Seus sonhos, seus objetivos, suas falhas, seus triunfos. Ela se parecia comigo em tudo. Ou eu me parecia com ela, não sei. Eu sei que por causa de Glee e principalmente de Rachel Berry eu finalmente consegui me encontrar na época em que eu mais estive perdido. A cada vitória deles, ou dela melhor falando, eu vibrava. A cada derrota, eu chorava. E a cada lição por ela aprendida eu levava para a minha vida pessoal, até que chegou um ponto em que eu simplesmente entendi o que eu tinha que fazer pra conseguir as coisas que eu quero. Consegui avançar quando estava estagnado, consegui voltar a sonhar de novo e abrir meus horizontes para tudo aquilo que eu mais amava e que só estava aqui, dentro de mim, adormecido, esperando a hora certa de despertar. Agora eu tenho novos objetivos, novas metas, novos caminhos a seguir que provavelmente me levarão à conquista daqueles velhos sonhos da infância que ainda estão aqui, gritando pra serem realizados. Muito pessoal pra eu contar aqui quais são exatamente, até porque sonhos não se contam. Você os vive, simplesmente. Com Glee, eu aprendi que você precisa encontrar o prazer na jornada, e não no objetivo. Pra no fim, poder olhar pra trás e dizer "É, eu fiz tudo. EU VIVI." Graças à Glee eu reencontrei meu caminho e consegui forças pra sair de baixo da cama daquele quarto escuro. Graças à Glee eu encontrei meu motivo de novo. E essa é a razão pela qual muitos não entendem o quanto o fim da série foi simplesmente devastador pra mim.


Minha versão favorita de Don't Stop Believin'


    Glee foi a única série que eu acompanhei ao vivo, pelo menos essa sexta temporada. Eu tenho o costume de assistir depois que a temporada toda é lançada, assim não preciso esperar, mas como essa era a última temporada, achei válido acompanhar. Assisti todos os episódios desde o início em Janeiro, reservei todas as minhas Sextas-Feiras só pra isso, evitei de sair, e um pouco depois de eu voltar a trabalhar ainda dava pra chegar em casa correndo e assistir, porque o stream era muito tarde. Mas aí o horário de verão dos EUA mudou e eu não podia mais assistir porque não dava tempo de chegar em casa na hora. Já começou a me doer daí. A partir do episódio 9 eu já precisei fazer download porque não conseguia mais assistir ao vivo. Foi completamente frustrante. Eu ainda tinha que pensar num plano pra conseguir assistir a Series Finale. Por fim, com muito sacrifício porque trabalho numa loja pequena, consegui trocar de turno com meu colega nos últimos segundos, e me preparei pra assistir o final. Mas é claro, como tudo na minha vida precisa dar errado, o stream não tava pegando, então tive que assistir aos dois últimos episódios travando. Mal consegui ouvir as músicas. Mas a reação foi a que eu esperava: choro, frustração, tristeza. Começando pelo episódio "2009", em que o Cory apareceu e foi lançada uma versão remasterizada de Don't Stop Believin' da primeira temporada [Se você estava fora do planeta nos últimos dois anos, o ator faleceu em 13 de Julho de 2013, deixando todos os fãs abalados, inclusive a mim que nem era fã da série na época]. Quase que não respirei, parecia um ataque de asma [risos]. Mas era uma dor que já estava presa aqui há muito tempo, e eu precisava me livrar dela. Acho que só fiquei tão devastado com a morte de um ator quando meu favorito da época, Heath Ledger, também faleceu e pelo mesmo motivo. Logo depois veio o último episódio, e eu não poderia imaginar um título melhor para o mesmo: "Dreams Come True", literalmente, Sonhos Se Realizam, o maior lema que já carreguei em toda a minha vida. Os desfechos foram dignos. É claro, ficou aquela sensação de vazio porque era para Finn Hudson estar ali também. Mas ainda assim eu gostei. Acho que nem tudo pode ser do jeito que nós queremos, mas existe sempre um caminho para reencontrarmos a felicidade, se persistirmos e não pararmos de acreditar. Nesse pouco tempo - relativamente pouco, comparado aos fãs que acompanhavam desde o very first episódio - eu puder ver minha Rachel Berry crescer e se tornar a pessoa que esperava. Não exatamente do jeito que esperava. Muitas lutas foram perdidas, muita dor foi sentida e muitas lágrimas foram derramadas. Quando você sofre você muda, é automático, nunca é a mesma pessoa de antes. Mas mudanças nem sempre são pro nosso mal. Elas nos fazem crescer. E como a mesma Rachel/Lea cantou na última canção original lançada pela série, composta pelo ator do personagem Blaine Anderson, Darren Criss, "Apesar de todas as batalhas que nós perdemos ou talvez vencemos, eu nunca parei de acreditar nas palavras que nós cantamos".




  Acho que no fim das contas, é sobre isso que se trata a vida. Não importa o que vier, ou o que acontecer, você não pode deixar de acreditar, porque no final, é isso que vai fazer valer a pena levar contigo os momentos que você viveu, sejam eles bons ou ruins. Batalhas perdidas ou ganhas. Eu sinto que ainda nem comecei a crescer e se o Universo me permitir, ainda tenho muito a viver, aprender e fazer. A história de Rachel Berry e dos estudantes da McKinley High foi apenas um capítulo do livro da vida de todos que a série tocou o coração. Quando comecei a assistir Glee, eu acreditava que fazer parte de algo especial nos tornava especial, e isso me deprimia um pouco, porque na época eu não fazia parte de nada que fosse especial. Eu odiava meu trabalho, odiava meu curso, odiava minha vida, e principalmente, odiava quem eu era. Mas depois que acabou, aprendi mais uma lição com eles: você não precisa fazer parte de algo especial para ser especial. ALGO É ESPECIAL PORQUE VOCÊ FAZ PARTE. Graças a Glee eu consegui mudar um pouco - MUITO, na verdade - meus pensamentos destrutivos e consegui enxergar beleza nas pequenas coisas. Na verdade, eles sempre dão um jeito de mostrar que todos tem seu valor. E como diz a música, o tempo que eu tive com Glee eu vou guardar pra sempre.


Minha tatuagem, feita um dia antes do lançamento do último episódio


  No fim, parece que vivemos uma vida inteira com todos os personagens, as histórias, as músicas, as performances. E vivemos. E viveremos muito mais. Digo isso à todas as pessoas que não só acompanharam a série até o fim, mas todas aquelas que estão lendo isso e perseguem um sonho grande. Não parem de acreditar. Não desistam. Sonhos se realizam, eu sou a prova viva disso porque já realizei parte dos meus. Grande parte de conseguir algo é a lutar por ele. É onde você encontra mais contentamento consigo mesmo. Então lute. Faça. Persiga. Pra no final, quando chegar o momento, você poder olhar pra trás e ver que aproveitou todos os segundos que o mundo te deu, que viu todos os lugares que precisava ver. Pra você eu deixo essa mensagem. "Espero que quando chegar o momento, você diga: eu fiz tudo". Que quando você olhar pra trás, assim como os personagens, o cast, e todos os fãs de Glee, você perceba que viveu




terça-feira, 17 de março de 2015

Resenha: Piece By Piece - Kelly Clarkson + Vídeo

  Quando Kelly Clarkson anunciou seu oitavo álbum de estúdio - sexto sem contar o álbum natalino e o álbum dos grandes sucessos - já era previsível que coisas grandes estavam por vir. Afinal, a dona de uma das vozes mais invejadas no meio musical sempre acerta. Às vezes dá algumas escorregadas, mas no final sempre se sai bem, porque como ela mesma diz, não dá a mínima para o que os outros pensam dela. Minha opinião pessoal sobre a Kelly: ela é a melhor cantora do mundo. Simples. Nenhuma voz feminina me agrada mais do que a dela. Uma voz singular, única, incomum, forte, potente, extensa, segura e firme que poucas possuem. Ela é suave aos ouvidos, convidativa, te conforta como um travesseiro. Mas é intensa quando preciso, alcançado as mais altas notas sem sair do compasso da afinação. Kelly é uma das únicas cantoras cujas músicas eu prefiro ouvir ao vivo do que em estúdio, na maior parte do tempo. Tem magia na voz dela, é algo indescritível. Eu me arrependo até hoje por não ter jogado tudo pro alto, arrumado minhas malas e corrido pra São Paulo em 2012 quando ela veio ao Brasil pela primeira vez. Se tem uma coisa que eu quero fazer antes de morrer e eu não aceito partir desta vida antes disso é ver e ouvir Kelly Clarkson performando ao vivo. Na verdade, até seu nome me passa uma sensação de poder e realeza. É gostoso até de ouvir.


Versão Standard


  Como um bom admirador, eu esperei seu novo álbum Piece By Piece impacientemente. Kelly sempre me surpreende, e desta vez não foi diferente. O primeiro single e música de abertura do álbum, Heartbeat Song, já tinha um gostinho de nova fase. Diferente da Kelly de Since U Been Gone e Never Again, ela nos trouxe algo mais doce em questão de letras, mas com os mesmos traços marcantes de sua voz espalhados por toda a música. O ponto alto da canção é quando ela utiliza de sua famosa extensão vocal poderosa pra gritar o trecho "bring it one more time". Como todos sabemos, - e se você não sabe, aconselho a começar a procurar porque não sabe o que está perdendo - Kelly possui um controle muito bom sobre seus vocais. Ela quase nunca desafina. Ela nunca desafina na verdade, embora eu já tenha escutado sua voz falhar ou quebrar algumas vezes. Tirando essas poucas vezes (realmente poucas porque é quase impossível você achar um vídeo em que ela esteja "cantando mal" ou errando algum tom), Kelly é absurdamente sem falhas ao vivo. O que nós ouvimos no cd, nós podemos realmente ouvir pessoalmente, diferente de muitos cantores por aí que usam e abusam do auto-tune, e a versão live das músicas é no mínimo decepcionante. Heartbeat Song é uma música animada e divertida, e como eu costumo brincar, com "dois ritmos" em uma música só. Há quem diga que ela é um plágio de The Middle da banda Jimmy Eat World (um dos meus vícios e bandas favoritas), mas eu acho que a sequência de guitarras sincronizadas com o ritmo uptempo da bateria foi apenas uma coincidência infeliz. De qualquer jeito, você pode comparar as duas por si próprio aqui, e conferir o clipe de Heartbeat Song, único clipe lançado até agora para o álbum.


Videoclipe de The Middle


Videoclipe de Heartbeat Song

  
  A segunda música do álbum e já escolhido segundo single oficial de trabalho, Invincible, foi escrita por ninguém menos que Sia Furler (em colaboração com outros 3 compositores) e é sem sombra de dúvidas um dos trunfos do álbum. O instrumental em si é simples, com uma batida lenta e carregada de sintetizadores e efeitos sonoros, mas a música é algo completamente diferente de qualquer coisa que já ouvimos sair da boca de Kelly. Os vocais são ABSURDOS. No começo, ao dizer os primeiros versos, "You know I was broke down, I had hit the ground, I was crying out, couldn't make no sound", você já percebe a diferença. A voz dela também está com um efeito de eco nessa parte, o que torna a música ainda mais interessante. Mas o ponto principal é a nota alta e contínua que se prolonga até virar um falsete poderoso no final da ponte, quando Kelly se pergunta do que ela estava correndo. A propósito, a letra é maravilhosa. Sia jamais decepciona. Nota: Kelly gravou o Piece By Piece quando estava grávida de sua primeira filha, River Rose (o bebê mais fofo da face da Terra), e nesse período ela estava muito doente porque sua gravidez foi de risco. Ela chegou a dizer em entrevistas que vomitava mais de 10 vezes ao dia, o que prejudicava muito suas cordas vocais, e que uma vez em estúdio chegou a perder completamente a voz.




  A terceira música, Someone, já entra na categoria de músicas amargas dela, cujas quais já estamos acostumados. Possui um instrumental bem simples também, completamente eletrônico. Os vocais não decepcionam, a letra é linda e a música é lenta. Uma música perfeita pra ouvir no término recente de um namoro. Ótima pedida pra curar corações machucados. 




  Já a quarta música do álbum, Take You High, entra na categoria de novidades. Kelly apostou bastante no eletrônico nesse álbum. A música é misturada entre o som de violinos e violoncelos e efeitos eletrônicos que dessa vez atingem até a voz de Kelly, contendo um mix de agudos da própria. Também possui uma ponte incrível onde ficam apenas os agudos poderosos de Kelly inundando todo o ambiente e te transportando para um mundo só dela com violoncelos acompanhando. Apesar de ter uma base completamente eletrônica, a música ainda é um pouco lenta, no estilo de Someone. Vamos dizer que não daria pra dançá-la em uma balada, mas ainda chegaremos lá, porque este álbum é bem versátil e cheio de surpresas.




  A quinta música e faixa título do álbum, Piece By Piece, é com certeza mais um trunfo. Na primeira vez que eu a ouvi, a apelidei de "Because Of You 2.0". Assim como no maior sucesso de sua carreira lançado em seu segundo álbum de estúdio em 2004, Breakaway, Piece By Piece narra a história da difícil relação de Kelly com seu pai biológico, só que dessa vez em uma perspectiva diferente. Em Because Of You, Kelly ainda fala como uma menina amedrontada e fraca, destruída pela dor que seu pai causou a ela mesma e sua família. Já na nova faixa, ela assume uma postura mais forte, de mulher crescida, apontando todos o erros do pai na cara do próprio e dizendo o quanto o marido, o empresário musical Brandon Blackstock a fez recuperar a fé nos homens. Mais surpreendente ainda, ela ainda fala da filha no último refrão: "Eu caí longe da árvore, eu nunca vou abandoná-la como você me abandonou. Ela nunca terá que questionar o seu próprio valor, porque diferente de você eu vou pensar nela primeiro. Ele nunca vai deixá-la, ele nunca vai quebrar o coração dela, ele vai tomar conta das coisas, ele vai amá-la. Pedaço por pedaço, ele restaurou minha fé que um homem pode ser gentil e um pai deveria ser ótimo", deixando bem claro que ela seria uma mãe de verdade pro seu bebê e não a abandonaria como seu pai fez. O que mais me surpreende nessa música é a veracidade na letra, a honestidade com a qual Kelly escreveu sobre seus assuntos inacabados com o pai. O que me faz pensar que ela precisou ser muito forte pra conseguir falar disso tudo e abrir seu coração, sua vida e sua intimidade desse jeito. O instrumental da música é bem mais trabalhado que o das duas anteriores, dominado pelo ritmo da bateria e regido pelos teclados. Os vocais também são impecáveis, como sempre. Nota 2: Por esses motivos técnicos e por outros motivos pessoais de coisas que também aconteceram comigo, essa é a minha favorita de todo o álbum. 




  A sexta música do álbum é um dueto com o cantor John Legend, Run Run Run. Amo a voz do John e achei muito inesperada porém ousada a parceria entre os dois, já que ambos possuem vozes marcantes e únicas. Mas fiquei com o pé atrás com a música desde o início quando alguns fãs da banda Tokio Hotel vieram cheios de ódio invadir as páginas das redes sociais de Kelly dizendo que ela havia "roubado" a canção deles. Sendo que nem o Tokio Hotel e nem ela escreveram a música, ou seja, ninguém roubou de ninguém. A própria Kelly não sabia que a música já havia sido gravada por algum outro artista, e disse em seu twitter oficial que a única versão que ela havia ouvido era uma versão piano/vocal do autor da música entregue à ela há dois anos atrás.



  Update: A banda se pronunciou sobre isso respondendo os tweets dela, inclusive um deles havia uma foto com o tracklisting do Piece By Piece com o nome dos irmãos Tom e Bill Kaulitz creditados à composição da música, mas chequei na minha versão física do cd e os nomes deles não estão lá, então realmente não tem como saber o que aconteceu de verdade nessa confusão toda. Só tenho uma certeza: Kelly não roubou ninguém, e a própria disse que ela mesma e o John Legend ficaram se sentindo idiotas quando descobriram que a música já havia sido gravada. Vocês podem conferir nesse vídeo abaixo:




A música tem a base em piano, mas ela vai crescendo devagar, até que explode em batidas com ambos os cantores cantando em tons altos. A mistura das vozes ficou simplesmente deliciosa de ouvir, mas ainda tenho pé atrás com essa música pela confusão que deu com os fãs do Tokio Hotel (risos), e porque eu não curto muito covers ou regravações em álbuns de estúdio, e não é a primeira vez que ela faz isso. Kelly também possui covers em seu primeiro álbum de estúdio, Thankful, e no quarto, All I Ever Wanted, mas toda essa confusão com Run Run Run foi realmente desnecessária, porque eu facilmente substituiria essa música da versão standard do álbum por qualquer música da versão deluxe - embora essa seja só a minha opinião pessoal.





  A sétima música, I Had A Dream, entra na categoria de "coisas fodas que a Kelly nunca fez", porque eu confesso que fiquei sem palavras e jogado no chão com essa novidade. Imagine uma música com o ritmo e o som de uma multidão marchando, misturada à uma letra com tom de revolução te dizendo pra seguir seus mais profundos sonhos e um coral dando aquele toque final de luta na defesa do que você acredita. Essa é I Had A Dream. Também escrita pela própria Kelly com os corais adicionados por Greg Kurstin, a música é um trunfo em vários sentidos. Ritmo e letra perfeitamente sincronizados e vocais maravilhosos - dela e do coral de fundo - completando tudo e gerando uma emoção a mais, eu não me impressionaria em ver essa música na trilha sonora de algum filme revolucionário ao estilo Jogos Vorazes - A Esperança Parte 2. Na letra Kelly diz "Se você quer pregar, seja um pregador. Se você quer ensinar, seja um professor. Lembre-se que as pegadas que você deixar nos dirão quem você realmente é". Eu consigo ver claramente uma multidão que luta por um objetivo comum usando essa música como tema ou inspiração. É simplesmente uma viagem maravilhosa ouví-la.

  A próxima música, Let Your Tears Fall, é mais uma colaboração de Sia Furler para o álbum. É também bem eletrônica, carregada nos efeitos sonoros inclusive na voz de Kelly. Foi uma das única faixas do álbum que não me chamou muito a atenção, achei meio "mais do mesmo", porém a letra é lindíssima. "Conte-me todos os seus segredos, conte-me seus medos, eu não vou te afastar, eu só irei te puxar pra perto. Não, eu não vou te julgar. Eu vou te ajudar a passar por isso" quem não gostaria de ouvir isso de alguém querido? Realmente o ponto alto da canção é a letra, que como sempre, escrita pela Sia, não decepciona. 

  Tightrope é a nona canção do álbum, também escrita por Kelly. De acordo com a própria, ela escreveu a música bem rápido depois de uma noite ruim. Ela disse que "pode ser difícil saber onde pisar no início de uma relação", o que me faz acreditar que tenha sido após uma briga ou uma discussão com o marido. Afinal, quem não briga? De qualquer jeito, Tightrope é um dos meus "amorzinhos" do álbum, até porque tenho um fraco por músicas calmas e sinceras. A letra é bem sugestiva, e pode vir a te fazer chorar se você ouvir em um momento de fragilidade, tipo quando estamos naquela fase de nos importar tanto com alguém a ponto de ter medo de que o mundo vá fazer de tudo pra tirá-lo de nós. O instrumental é simples e bem trabalhado, tendo a base em piano e violinos acompanhando, com uma batida leve e serena. E os vocais, é claro, absurdamente perfeitos. Uma característica marcante da voz de Kelly é que ela te faz sentir tudo o que ela quis dizer com a música. Se ela quer que você dance, você vai dançar. Se ela quer que você chore, você vai chorar. Isso tudo apenas cantando. Kelly é o poder!

  A décima faixa, War Paint, é uma canção uptempo que fala sobre brigar com quem está do mesmo lado que você de uma determinada situação. A interpretação fica livre pra quem ouvir. Pra mim, pessoalmente, fala sobre um relacionamento entre duas pessoas em que uma simplesmente não consegue abrir seu coração e não consegue ser sincera com seus sentimentos, o que acaba ocasionando brigas. Por isso Kelly diz, "nós poderíamos ser lindos sem uma pintura de guerra". A letra é muito bem trabalhada, o instrumental e os vocais também. É aquele tipo de canção que "funciona". Amo como ela vai crescendo até estourar no refrão e o jeito que fala sobre deixar suas paredes caírem e ser vulnerável para alguém que realmente se importa.

  Agora é briga de cachorro grande, guerra de quem chegou pra destruir! A décima primeira música, Dance With Me, vai fazer você querer dançar a noite inteira numa balada em Nova York, Londres ou Los Angeles porque MEU DEUS, É SÉRIO, É A COISA MAIS FODA QUE EU JÁ OUVI VINDO DESSA MULHER. A letra é absurdamente bem escrita, os vocais são PERFEITOS, as batidas são na medida certa, os efeitos eletrônicos são bem colocados, até a base de coral na ponte a torna convidativa. Ela nasce e vai crescendo e crescendo até estourar no refrão e continuar até o final, quando meio que se "recolhe" e retorna ao ponto vazio de onde se iniciou. Eu não vejo a hora de Kelly lançá-la como single e desbancar nas paradas musicais e nas melhores baladas ao redor do mundo, porque quando toca essa música, você simplesmente não consegue pensar em mais nada a não ser querer agarrar a mão de quem você gosta, levá-lo pro centro do clube e dançar até não se aguentar mais! Como a própria Kelly disse, Dance With Me é uma mistura de ABBA com David Bowie, e é a mais feliz do álbum. SÉRIO, VOU FAZER PROTESTO PRA ESSA MÚSICA SER SINGLE.

  A décima segunda música se chama Nostalgic, e é justamente sobre isso que se trata a letra, sentir nostalgia de um relacionamento que terminou. Kelly começa a música com a frase clássica de "Não fique triste porque terminou, fique feliz porque aconteceu" e o instrumental é muito gostoso de ouvir. Eu fecho os olhos e consigo me imaginar em um ringue de patins dos anos 80, dançando e patinando ao som da música. A base em teclados sintetizados e a batida lenta porém agitada deu todo um contexto de anos 80 à canção. Com certeza uma das melhores do álbum, mas não sei se daria certo como single.

  Finalmente chegamos ao fim da versão standard, com Good Goes The Bye, a décima terceira música. Eu sou completamente apaixonado por álbuns que terminam com uma música calma, ou triste, ou amarga, e nesse caso esse terminou com as três unidas em uma música só. Foi o fim perfeito. A música não é nem muito lenta, nem muito agitada, e possui a batida característica do tracklisting. É muito boa de ouvir, e é muito bem escrita também. A letra fala sobre dizer adeus, simplesmente, porque tudo acaba. É uma boa música pra ouvir se você está precisando dizer adeus pra alguém. Na verdade, a própria Kelly diz um "goodbye" amargo e isolado no fim da música. 



Versão Deluxe


  Na versão Deluxe do álbum temos uma dose da Kelly revoltada de sempre, mostrando todo o seu potencial vocal em Bad Reputation, décima quarta faixa. Com um instrumental bem característico de seu quarto álbum, All I Ever Wanted, Bad Reputation possui vocais fortes e poderosos como você jamais ouviu da própria. A letra também é divertida e fala sobre alguém que está arruinando a sua má reputação como parceiro, porque você é aquele que nunca se apaixona e nunca se deixa iludir por ninguém. O instrumental é um misto de guitarras e batidas eletrônicas. A décima quinta se chama In The Blue e é a minha segunda favorita de todo o álbum. O conjunto instrumental-letra-vocais parece funcionar muito bem aqui também. O primeiro é carregado de batidas e efeitos sonoros de guitarra sintetizados, misturados à vocais emocionantes repletos de falsetes característicos de Kelly. A letra fala sobre estar com alguém eternamente, mesmo depois de essa pessoa ter partido. Pode muito bem ser aplicada à alguém que faleceu, porque  a expressão "in the blue" faz menção ao luto, à dor e ao vazio que as pessoas deixam quando morrem. Na ponte quando ela canta "Eu vejo o seu rosto em cada estranho, passos na sala, bafo quente na minha nunca, sombras na parede. E sua voz é alta como trovão, eu consigo escutá-la ecoando na minha cabeça" você percebe claramente que fala sobre as lembranças de ter tido alguém ali antes, e não ter mais, o que dá até uma dorzinha no fundo do peito mesmo pra quem nunca perdeu ninguém. Também significa muito pra mim. A décima sexta e última música da gravação se chama Second Wind, que eu não gostei muito da primeira vez que ouvi, mas agora estou completamente V-I-C-I-A-D-O. É sério, a música é muito boa. Fala sobre dar a volta por cima e se recuperar e tem umas tiradas muito boas, do tipo "Você não sabia que é ficar pra baixo que faz sair por cima ser tão doce". O instrumental é bem simples, completamente eletrônico, e os vocais impecáveis, como não é surpresa. Dá até pra dançar, dependendo da ocasião.

  Chegamos ao fim de mais uma resenha com uma conclusão: KELLY CLARKSON IS BACK, BITCHES! O álbum já hitou o topo da revista Billboard e também tem alcançado boas posições no site iTunes. Ah, e tenho uma surpresinha pra vocês dessa vez! Gravei um vídeo mostrando o Piece By Piece em sua versão física brasileira! Espero que gostem! (O vídeo mostrando o cd mesmo começa em 9:00, porque antes eu dei algumas informações sobre o Blog, contei histórias, justifiquei atrasos, e etc.)




  Comentem, divulguem, deixem suas sugestões e críticas e movimentem o blog! O autor agradece! Até a próxima pessoal!


segunda-feira, 16 de março de 2015

#GleeToMe

  Como todos já sabem, Glee está em sua reta final e faltam apenas dois episódios para o fim definitivo da série. Quero morrer Recentemente nos últimos episódios exibidos pela FOX americana, algumas mensagens têm aparecido dizendo para os fãs expressarem seus sentimentos pela série usando a hashtag #GleeToMe no Twitter, Instagram ou Facebook. Eu fiz a minha, porque como todos sabem, Glee é minha série favorita (junto com One Tree Hill), e achei que seria interessante escrever aqui também. Espero que gostem.




"#GleeToMe Fiz essa "montagem" há uns dias atrás com o Cast de todas as seis temporadas junto porque o pessoal da Fox perguntou o que Glee significa pra nós, os fãs. Tive uma semana tão ruim que a única coisa que eu queria era que chegasse sexta à noite porque assistir Glee sempre torna tudo melhor. Pra variar, me fodi mais uma vez, o fuso horário de New York mudou e agora não vai dar mais tempo de assistir porque chego em casa muito tarde todo dia. Logo agora, restando apenas 4 episódios pra acabar pra sempre, logo agora que pude acompanhar uma temporada de uma série que eu amo no tempo certo de lançamento pela primeira vez na vida. Parece bobo mas essas coisas pequenas tem MUITO significado. O que me fez parar pra pensar sobre o que eles significam pra mim. O Cast, acima de tudo. Além de tornar meus dias melhores, Glee me traz essa sensação de conforto e refúgio que só minha outra série favorita me trazia. Já tive que lidar com o fim de One Tree Hill, mas é diferente agora, porque assim como Harry Potter, é algo que eu gosto desde criança, então é como se fosse fazer parte da minha vida pra sempre. Só que essa ligação com Glee veio tarde, mas veio numa hora tão certa e quando eu precisava tanto que eu tenho muito medo de que um dia eu esqueça. É aterrorizante pensar que no fim do ano passado eu estava super tranquilo achando que dia 20 de Março ia demorar muito pra chegar e de repente aqui estamos nós, apenas à duas semanas do fim. É como ver um amigo que apareceu na tua vida e te ajudou sem pedir absolutamente nada em troca dizendo adeus pra sempre simplesmente porque as coisas são assim, e tudo precisa ter um fim. Impossível dizer o quanto aprendi, o quanto cresci, o quanto evoluí e me tornei alguém muito melhor do que eu era antes. Desconstruí meus preconceitos e aprendi a amar e admirar as pessoas pelo que elas são, não importa o quanto elas possam ser diferentes. Aprendi muita coisa que não sabia, cresci como artista, como pessoa e reforcei mais ainda minhas crenças de que sim, SONHOS SEMPRE VALEM À PENA. Não é toda série que acrescenta tanto na vida de uma pessoa. Eu não quero que dia 20 chegue nunca, porque depois que acabar, vai ficar um vazio enorme e eu sei que eu vou passar a minha vida inteira sentindo a falta deles, assim como ainda sinto de Harry Potter e One Tree Hill. Glee foi minha luz no fim do túnel no ano passado, ano mais desgraçado de toda a minha vida. E é isso que eles sempre significarão pra mim: novas direções. Esperança. E força pra acreditar, principalmente. Eu odeio falar das coisas que eu sinto, mas a vida é curta demais pra guardar certas coisas. Então FODA-SE.#SayWhatYouNeedToSay"


Meu pequeno mural com algumas fotos do Cast.